Resumo relatório CEPEA/ESALQ de Junho/2021

Resumo relatório CEPEA/ESALQ de Junho/2021

Fique por dentro das principais commodities agrícolas nacionais neste panorama completo e intuitivo sobre o mês de Junho/21.

08/07/2021 Fonte original

Foto: O Presente Rural

Confira abaixo um resumo completo do relatório mensal elaborado pelo CEPEA/ESALQ sobre as principais commodities agrícolas, no mês de junho 2021, do país:

Milho: Nas primeiras semanas de junho, os preços do milho caíram com certa força no mercado brasileiro, influenciados especialmente pela proximidade da colheita da segunda safra 2020/21 e pela desvalorização do dólar frente ao Real. Já no final do mês, os valores subiram, mesmo diante do avanço da colheita. Essa reação ocorreu após geadas terem sido observadas em algumas praças, o que deixou produtores em alerta e afastados do mercado spot. No entanto, as altas no encerramento de junho não foram suficientes para recuperar as perdas observadas na primeira semana do mês.
Nesse cenário de incertezas com relação à oferta, o ritmo de negociação tanto no mercado disponível quanto para entrega futura diminuiu. Na B3, os contratos futuros também se desvalorizaram na maior parte do mês.
Quanto aos preços externoscontinuaram elevados na maior parte do mês. Nos Estados Unidos, além de preocupações com o clima, estimativas do USDA mostraram aumento de 2% na área de milho entre 2020 e 2021, o que representa 37,5 milhões de hectares, mas ainda abaixo do esperado pelo mercado, de 37,97 milhões de hectares.

Soja: Os preços da soja apresentaram comportamentos distintos em junho. Nas primeiras semanas do mês, as cotações externas e domésticas caíram com força – no Brasil, os valores voltaram a operar nos patamares nominais observados em janeiro deste ano. pressão veio do clima favorável à safra de soja nos Estados Unidos, da melhora nas condições das lavouras do país norte-americano e de especulações indicando menor demanda pela oleaginosa por parte da China – que tem estoques alongados. Porém, nos últimos dias do mês, os valores da soja começaram a subir no Brasil.
Apesar da reação nos preços no encerramento de junho, o comportamento de baixa prevaleceu. 
Além da pressão vinda da queda do preço da soja no Brasil e no mercado externo, as desvalorizações internas dos derivados também foram influenciadas pelo encerramento da colheita na Argentina (principal exportadora global de farelo e de óleo de soja). 
Quanto ao óleo de soja, a desvalorização esteve atrelada à menor demanda doméstica, especialmente pelo setor de biodiesel.
De acordo com o relatório do USDA divulgado no dia 30 de junho, a área plantada de soja para 2021 foi estimada em 35,45 milhões de hectares, avanço de 5% em relação ao ano passado. Quanto aos estoques de soja, a estimativas indicaram que, em 1º de junho de 2021, eram 20,88 milhões de toneladas, contra 37,62 milhões de toneladas no mesmo período do ano passado, queda de 44%.

Arroz: A média do Indicador ESALQSENAR-RS do arroz 58% de inteiros e pagamento à vista no primeiro semestre de 2021 é recorde para o período, em termos nominais, considerando-se a série do Cepea para esse produto, que começou em 2005 – o que indica um cenário remunerador ao produtor. No entanto, especificamente de maio para junho, as cotações registraram queda expressiva de 12%De modo geral, a queda é reflexo da pressão de atacadistas e varejistas em relação aos valores do beneficiado. Indústrias, por sua vez, tiveram que baixar os preços de venda desse produto, oferecendo, consequentemente, cotações mais baixas para a compra da matéria-prima. As cotações domésticas do arroz estão voltando aos patamares médios históricos, quando considerados os valores deflacionados.
O enfraquecimento do dólar em junho – apesar de limitar a competitividade do arroz brasileiro –, e a forte queda nos preços do arroz nacional trouxeram maior alinhamento entre os valores internos e externos. 

Café: A temporada brasileira de café 2020/21 foi oficialmente encerrada em junho, com preços do arábica acima dos da temporada anterior (2019/20). Já nos primeiros meses da temporada, as cotações do arábica iniciaram um movimento de alta, ultrapassando os R$ 500/saca em julho/20 e, depois, os R$ 600/sc em agosto. O impulso neste período veio do avanço nos valores internacionais do grão e da maior demanda por cafés finos, enquanto a oferta desse tipo estava restrita, devido ao alto percentual já comprometido por meio de contratos. A partir de setembro/20, o mercado passou a ficar atento aos impactos do clima sobre a oferta em 2020/21 e também sobre a produção da safra seguinte (2021/22), que já seria de bienalidade negativa nos cafezais de arábica.
Em 2021, a confirmação da forte quebra de produção no Brasil na temporada 2021/22, a expectativa de recuperação econômica em 2021, diante das campanhas de vacinação por todo o mundo (que tende a aquecer a demanda), e problemas logísticos na Colômbia, em decorrência de protestos antigovernamentais, levaram o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6 a operar em novos patamares recordes nominais, acima dos R$800/sc.
Para 2021/22 (iniciada oficialmente neste mês de julho), a expectativa de agentes do setor ainda é de preços elevados no Brasil. 

Açúcar: Embora a safra 2021/22 avance, a oferta de açúcar cristal no mercado spot do estado de São Paulo continua restritaDiante disso, no dia 28 de junho, o Indicador CEPEA/ESALQ do açúcar cristal cor Icumsa entre 130 e 180 atingiu R$ 117,89/saca de 50 kg, o maior patamar nominal de toda a série histórica do Cepea, iniciada em 1997. Esse cenário é resultado da menor produção nesta temporada, do bom desempenho das exportações e do avanço nos valores externos da commodity.
A produção de açúcar na primeira quinzena de junho somou 2,19 milhões de toneladas, recuo de 14,35% em relação ao mesmo período da safra passada.
Os valores do açúcar subiram no mercado internacional em junho, diante da sinalização de menor produção no Brasil, devido ao clima desfavorável – no final do mês, foram registradas geadas em algumas regiões de Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo. Além disso, notícia indicando que a Índia antecipará o aumento de 20% do etanol na composição da gasolina no país para 2023 também ajuda a elevar os preços externos. Aqui ressalta-se que a Índia é um dos principais produtores de açúcar do mundo, e um aumento da produção de etanol deve reduzir a do adoçante, o que, por sua vez, reduz a disponibilidade global do produto.

Algodão: A disparidade entre os preços ofertados por compradores e os pedidos por vendedores limitou as negociações internas de algodão em pluma ao longo de junho. Enquanto parte dos vendedores esteve firme, atenta à queda dos estoques de algodão, compradores se fundamentaram no distanciamento entre os valores domésticos e externos, na proximidade do avanço da colheita da nova safra e na desvalorização do dólar.
No caso dos estoques, o bom ritmo das exportações nos últimos 12 meses e a maior demanda brasileira em 2021 contribuíram para a redução do excedente doméstico, em 40%, conforme dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), frente ao que foi projetado em junho/20 para a safra passada. Quanto à colheita da nova safra no Brasil, ainda está no início e sabe-se que haverá um período até que volumes maiores cheguem efetivamente ao mercado, seja pela defasagem dada pela necessidade de beneficiamento, seja pelo grande volume já negociado antecipadamente.
Conforme dados da Secex, em junho/21, foram exportadas 100,6 mil toneladas de algodão, queda de 12,7% frente ao volume de maio/21, mas fortes 77,43% acima dos de junho do ano passado.

Boi: Oferta enxuta de animais prontos para o abate, retenção maior de fêmeas para a produção de reposição e demanda chinesa por carne aquecida ditaram o ritmo das negociações no mercado pecuário ao longo do primeiro semestre de 2021. Esse cenário deu suporte às cotações ao longo de toda a cadeia. No caso do boi gordo, a média de junho do Indicador CEPEA/B3 (estado de São Paulo, à vista), de R$ 317,27, ficou apenas 1% abaixo da registrada em janeiro deste ano, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI), quando foi de R$ 320,56. O pico de preço do primeiro semestre foi observado em março, quando a arroba bovina atingiu média de R$ 326,96.
Em 2020, a baixa disponibilidade se somou à intensa demanda chinesa por carne bovina, levando ao aumento de 4,1% nos valores do boi de janeiro a junho. 
Quanto ao bezerro (Indicador ESALQ/BM&FBovespa, Mato Grosso do Sul), o movimento típico é de alta no primeiro semestre, tendo em vista a maior demanda por esses animais para reposição nesse período.
As exportações brasileiras de carne bovina in natura somaram 140,31 mil toneladas em junho, 10,7% a mais que no mês anterior, mas 8% abaixo da quantidade escoada em junho do ano passado, segundo dados da Secex.

Por: Arthur Echenique Alves




Fonte: Cepea/Esalq/USP



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