A frente fria que causara fortes tempestades no Rio Grande do Sul e Santa Catarina no início da semana, e agora avança em direção ao norte do país pelo interior do continente a partir do dia 28/06, toma tais dimensões graças a alta pressão atmosférica da massa de ar polar que forma tal sistema.
O frio intenso foi registrado inclusive em regiões do Centro-Oeste brasileiro, principalmente no estado de Mato Grosso do Sul, que registrou temperaturas negativas em municípios como Rio Brilhante (-3°C), Bela Vista (-2,4°C), Iguatemi (-2,1°C), Santa Rita do Rio Pardo (-1,6°C) e em Sidrolândia (-0,1°C), de acordo com o METSUL.
Ressalta-se também, que tais temperaturas somada a fatores barométricos e de umidade, formaram geadas em importantes regiões produtoras de milho do país, como no estado supracitado de Mato Grosso do Sul e no norte do Paraná, resultando em aumento dos preços no mercado do produto.
Ainda no Paraná, segundo o Canal Rural, fazendas de Trigo, que normalmente são mais resistentes ao frio, não suportaram as geadas, apresentando entre 20% e até 100% de perda em alguns talhões, de acordo com produtor local.
Este mesmo produtor e agrônomo (Ricardo Mulinari), ainda ressalta as perdas com o feijão, "que já havia sofrido com a cigarrinha e estiagem, agora foi castigado pela geada".
Sobre o Milho Safrinha, a cultura mais afetada, agrônomos da região de Marechal Candido Rondon(PR), avaliam prejuízos na produção de até 80% do total. Tal perda será sentida principalmente em lavouras plantadas mais tarde, que já sofria também por razão da seca.
Outras culturas prejudicadas foram o Café a Cana e a Laranja em menor escala:
- Café: os cafezais que mais sofreram com o forte frio são os localizados no Paraná e na chamada Alta São Paulo, próximo ao município de Marília (SOMAR). Já nas outras regiões produtoras de arábica de São Paulo e do sul de Minas Gerais não foram afetadas. De acordo com Paulo Franzini, especialista do Departamento de Economia Rural (Deral), do governo do Paraná: "Ainda é cedo, muito prematuro para falarmos em termos de prejuízo. Uma boa parte da lavoura (de café) foi afetada superficialmente pelas geadas. O estado em questão, é responsável apenas por 2% da produção nacional do produto, que tem seu centro de produção principalmente no estado de Minas Gerais, e que então por conseguinte, as variações no mercado seriam apenas consequências especulativas, não efetivamente na produção brasileira, segundo a Cooxupé, a maior cooperativa de cafeicultores do mundo.
- Cana: Já para a cana-de-açúcar, o efeito mostra-se um pouco mais severo, considerando que as geadas atingiram áreas do coração da produção da commoditie em si. Isso resulta da ocorrência de tal fenômeno no Paraná, Mato Grosso do Sul e regiões de São Paulo, incluindo o norte do estado, onde existem grandes grandes operações com a cana. A União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), representante das usinas do Centro-Sul do país, informa que um levantamento concreto das perdas deve durar mais de 10 dias.
Em razão do ar seco, a tendência daqui para a próxima semana no Centro Oeste é de noites frias acompanhadas de tardes mais quentes. A massa de ar polar tenderá a perder intensidade com o passar dos dias, resultando em temperaturas mais agradáveis, reduzindo a probabilidade de geadas ou neve, porém mantendo a tendência da seca em grande parte do Centro-Sul, exceto no litoral de São Paulo que por consequência de um ciclone tropical que movimenta-se pelo Oceano, pode trazer ventos fortes e precipitações na região (METSUL).
Fonte: Arthur Echenique Alves