Faltando sete meses para o prazo de cumprimento dos objetivos do RenovaBio para 2021 – que prevê a retirada de 24,86 milhões de títulos de circulação –, os créditos de descarbonização (CBios) disponíveis no mercado e os já aposentados somam 16,27 milhões. O volume é suficiente para atender a 65,5% da meta imposta às distribuidoras de combustíveis fósseis.
De acordo com dados disponibilizados pela B3, única entidade a atuar como registradora do programa, 12,39 milhões de CBios foram escriturados até o final de maio. Destes, 1,53 milhão são referentes à segunda quinzena, crescimento de 77% ante os 862,35 mil títulos vistos na primeira metade do mês.
O total está apenas 58,48 mil créditos abaixo do acompanhamento realizado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), baseado nas notas fiscais de comercialização cadastradas para gerar o lastro dos CBios. A expectativa é que estes papéis entrem no mercado nos próximos dias.
Atualmente, de acordo com a ANP, 276 unidades participam do RenovaBio; destas, duas fabricam biometano e 27, biodiesel. Dentre as 247 usinas de etanol certificadas, 240 utilizam apenas a cana-de-açúcar, cinco processam milho e cana, uma, apenas milho, e uma produz biocombustível de primeira e de segunda geração de forma integrada.
Considerando desde o início do RenovaBio, o número de créditos emitidos pelas produtoras de biocombustível já chega a 30,88 milhões.
Posse e aposentadoria
Dos 16,27 milhões de CBios disponibilizados em 2021 – incluindo emissões deste ano e o saldo de 2020 –, 15,56 milhões estão em circulação, podendo ser negociados livremente.
A maior parte está em posse das usinas, que possuem 7,83 milhões de CBios, enquanto as distribuidoras detêm 7,7 milhões. Por fim, investidores sem metas a cumprir possuem 35,2 mil créditos. A posição é relativa a 1º de junho.
Na comparação com a quinzena anterior, as distribuidoras aumentaram sua posição em 13,6% ao manterem uma estratégia de compra relativamente constante. Já as usinas – mesmo com o maior número de emissões – tiveram um acréscimo menor, de 6,8%. Enquanto isso, os estoques dos investidores externos ao RenovaBio caíram 1,4%.
Além disso, 87,79 mil CBios foram aposentados na segunda quinzena de maio, totalizando 711,56 mil no acumulado do ano. Este volume é suficiente para cobrir apenas 2,9% da meta estipulada para 2021.
Entretanto, a B3 não informa quem solicitou a aposentadoria dos créditos. Assim, é possível que uma parcela seja referente a investidores que não têm compromissos com o programa.
onforme regulamentação aprovada pela ANP no final de maio, os CBios que forem aposentados por investidores sem metas a cumprir agora poderão ser abatidos dos objetivos das distribuidoras. A redução, entretanto, só deve ser contabilizada para as metas de 2022.
Negociação e preços
Na segunda metade de maio, a B3 contabilizou 803 negociações de CBios. De acordo com os números divulgados, os preços atingiram um valor médio de R$ 30,49 por título no período, ficando 0,8% abaixo da média de 2021 (R$ 30,73) e 21,8% aquém da histórica (R$ 39). O valor também representa uma redução ante os R$ 30,71 registrados na primeira quinzena do mês.
O preço mais alto registrado na quinzena ocorreu em 19 de maio, R$ 31,60; já o mais baixo foi observado no dia 27, R$ 29,46. Apesar de terem ocorrido flutuações ao longo do período, os valor se mantiveram próximos à média, encerrando o mês a R$ 30,03.
Desde o início da comercialização dos créditos, em junho do ano passado, seu custo unitário oscilou entre R$ 15 e R$ 72. Em 2021, a variação foi menos ampla, indo de R$ 27,75 a R$ 35,70.
“Os números refletem todas as operações de compra e venda envolvidas em um ciclo de negociação. Assim, no caso de intermediações realizadas por corretoras ou outras instituições, primeiro é realizada uma operação de compra das quantidades e, depois, uma operação de venda para o investidor final”, explica a B3.
Renata Bossle – NovaCana
Fonte: https://www.novacana.com/n/etanol/mercado/emissao-cbios-1-5-milhao-titulos-segunda-quinzena-maio-020621