O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) de novembro registrou alta de 0,62%, acima das projeções do mercado, que esperavam uma variação média de 0,50%. Esse foi o maior avanço para o mês desde 2021, quando o índice chegou a 1,17%. No acumulado de 12 meses, a inflação chegou a 4,77%, superando o teto da meta projetada de 4,5%.
De acordo com o IBGE, o aumento foi impulsionado principalmente pelos preços dos alimentos e serviços, com destaque para o setor de alimentação e bebidas, que avançou 1,34% no mês. Produtos como óleo de soja (8,38%), tomate (8,15%) e carnes (7,54%) lideraram as altas, enquanto itens como cebola (-11,86%) e ovos (-1,64%) ajudaram a conter o impacto.
A inflação de alimentos em casa subiu de 0,95% em outubro para 1,65% em novembro, refletindo a valorização do gado vivo e a pressão cambial. Já os serviços também mostraram aceleração, com passagens aéreas e outros itens pressionando o índice.
Impactos nas Projeções e a Selic
O avanço do IPCA-15 tem levado instituições financeiras a revisarem suas projeções de inflação. A XP Investimentos manteve a estimativa de 4,9% para este ano, mas projeta uma alta de 4,7% em 2025, com riscos para 5,3% caso o bônus Itaipu seja utilizado em dezembro.
O Goldman Sachs destacou a resiliência nos preços de bens industriais e serviços, enquanto a desvalorização cambial continua pressionando a inflação. O banco projeta inflação de 4,5% em 2024 e 5,3% em 2025, apontando possíveis ajustes na taxa Selic, atualmente em 13,25%.
Claudia Moreno, economista do C6 Bank, reforçou a expectativa de continuidade do ciclo de alta na Selic, com ajustes previstos de 0,5 ponto percentual em dezembro e 0,25 ponto no início de 2025. Para Monica Araújo, estrategista da XP Investimentos, a deterioração das expectativas pode levar a um aumento mais agressivo de 0,75 ponto percentual na próxima reunião do Copom.
Cenário Desafiador para 2025
Embora alguns analistas, como André Valério, do Inter, apontem melhorias marginais na qualidade dos dados inflacionários, o cenário geral ainda sugere desafios significativos. A inflação subjacente de serviços permanece elevada, e a volatilidade cambial adiciona incerteza.
Com as expectativas de inflação para 2025 rondando 5%, o Copom enfrentará dilemas complexos para conter pressões inflacionárias enquanto busca equilibrar a retomada econômica. O IPCA-15 de novembro reforça a necessidade de cautela na formulação da política monetária nos próximos meses.
Fonte: https://www.infomoney.com.br/economia/inflacao-previa-de-novembro-surpreende-analistas-e-pressiona-expectativas-para-2025/