No dia 17 de junho de 2024, o real brasileiro ultrapassou o peso argentino e se tornou a moeda de pior desempenho entre os países emergentes, acumulando uma desvalorização de 10,54% em relação ao dólar. Esse movimento, observado às 16h daquela tarde, colocou o Brasil no topo do ranking negativo de desvalorização cambial.

fatores externos e internos agravam a situação

Os juros altos nos Estados Unidos são apontados como a principal causa desse fenômeno. Desde o início do ano, a expectativa de manutenção das altas taxas de juros pelo Federal Reserve tem atraído recursos para a economia norte-americana, fortalecendo o dólar e pressionando moedas de países emergentes, como o real.

"Os juros elevados nos EUA atraem capital, valorizando o dólar e desvalorizando o real", explica Felipe Pontes, diretor de gestão de patrimônio da Avantgarde Asset Management. Esse fluxo de capital intensifica a desvalorização da moeda brasileira, que já enfrenta desafios internos significativos.

problemas fiscais e políticos intensificam desvalorização

Além dos fatores externos, questões internas, como a instabilidade fiscal e política, têm contribuído para a queda do real. O aumento do risco Brasil, refletido no CDS (credit default swap), indica uma percepção negativa do mercado em relação à capacidade do país de honrar suas dívidas.

"A desancoragem fiscal e inflacionária elevou o risco Brasil, desvalorizando nossa moeda", comenta Rafael Perretti, economista da Clear Corretora. Recentes mudanças na meta fiscal e declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva têm gerado incertezas, aumentando a aversão dos investidores ao risco.

commodities em queda e impacto na balança comercial

A queda nos preços das commodities também tem impactado negativamente a economia brasileira. Com a redução no valor de produtos como o petróleo e o minério de ferro, diminui a entrada de recursos no país, enfraquecendo ainda mais o real.

"Os preços mais baixos das commodities reduzem a balança comercial, afetando a moeda brasileira", explicam especialistas. O barril de petróleo Brent, por exemplo, caiu de mais de US$ 90 no início de abril para US$ 84,3, enquanto o minério de ferro, que atingiu uma máxima de US$ 122,5 em maio, também sofreu quedas.

perspectivas futuras: inflação e política monetária

A perspectiva de inflação alta no Brasil e a manutenção dos juros elevados nos Estados Unidos sugerem que a desvalorização do real pode continuar. A recente revisão para cima da inflação brasileira no Boletim Focus e a expectativa de juros altos nos EUA indicam um cenário desafiador para a moeda brasileira nos próximos meses.

o impacto na economia brasileira

A desvalorização do real traz consequências significativas para a economia brasileira. Além de tornar as importações mais caras, aumentando a inflação, a queda da moeda afeta a confiança dos investidores e a estabilidade econômica do país. Enfrentar esses desafios requer medidas robustas de política fiscal e monetária, além de esforços para reduzir a instabilidade política.