Na arena volátil dos mercados de commodities, os contratos futuros de minério de ferro oscilaram para baixo nesta última sexta-feira. No entanto, mesmo diante desse revés temporário, a semana se encerra com um saldo positivo acumulado. Por trás dessa montanha-russa de preços está uma trama complexa de expectativas, especialmente em torno da voracidade da demanda chinesa, o gigante consumidor, que mostra sinais encorajadores de reativação no setor do aço. Essa dinâmica tem impulsionado o valor da matéria-prima siderúrgica.
Enquanto isso, nos bastidores do Ministério de Minas e Energia (MME), ecoa uma notícia de peso: um fundo bilionário dedicado à mineração, com foco na transição energética, está prestes a ver a luz do dia. Com um aporte substancial de recursos, na casa dos R$ 1 bilhão, o Fundo de Investimento em Participações (FIP) Minerais Estratégicos no Brasil será revelado ao mundo durante o prestigiado evento Prospectors & Developers Association of Canada (PDAC), uma vitrine global para os expoentes da mineração e exploração mineral.
A missão desse fundo é clara: incentivar projetos de mineração voltados para elementos cruciais na transição energética, aqueles indispensáveis para a energia eólica e fotovoltaica, entre outras. Um leque de oportunidades se abre para empresas de pequeno e médio porte que se encaixem na visão de investimento delineada pelo fundo. E é através de um gestor, a ser selecionado por meio de um rigoroso processo de chamada pública, que essa visão será posta em prática. Com um investimento inicial robusto do BNDES, esperado em torno de R$ 250 milhões, e a possibilidade de atração de outros investidores nacionais e internacionais, as perspectivas são animadoras. A emissão de debêntures também está nos planos, adicionando mais uma camada de atratividade financeira.
"Nenhuma jornada rumo à transição energética é completa sem a mineração. E estamos firmemente convencidos de que o Brasil, com sua vasta extensão territorial, riquezas geológicas e abundância mineral, está destinado a desempenhar um papel de destaque nessa transformação global", declara o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, com otimismo palpável. E acrescenta: "Ao lado do presidente Aloizio Mercadante, estamos lançando este fundo que servirá como um catalisador para o setor, atraindo investimentos para toda a cadeia de minerais estratégicos".
Essa iniciativa recebe o apoio integral do presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, que a vê como uma peça fundamental no que ele descreve como "a prioridade do governo do presidente Lula: a transição energética". Mais do que uma simples estratégia econômica, esse empreendimento visa capitalizar o vasto potencial geológico brasileiro, solidificando o país como um fornecedor de primeira linha de minerais estratégicos, fundamentais para as tecnologias de energia limpa que moldarão o futuro.
O FIP Minerais Estratégicos não apenas abrirá as portas para o desenvolvimento de projetos voltados para a transição energética, mas também para a descarbonização e a produção sustentável de alimentos. Sob a égide do BNDES, espera-se que o Fundo invista em um seleto grupo de 15 a 20 empresas, engajadas na pesquisa mineral, no desenvolvimento e na implementação de novas minas de minerais estratégicos em solo brasileiro.
"Com a criação deste fundo, estamos democratizando o acesso ao mercado para empresas de menor porte, ao mesmo tempo em que garantimos uma atividade mineradora mais sustentável", explica o ministro Silveira. "O Brasil já ostenta títulos impressionantes: somos o maior produtor mundial de nióbio, o segundo de ferro, magnesita e tântalo, o terceiro de bauxita e o quarto de vanádio. Além disso, temos a quinta maior reserva de lítio, com cerca de 1,2 milhão de toneladas. Com esse impulso, estamos determinados a alcançar patamares ainda mais elevados, consolidando nossa posição como principal fornecedor global de minerais estratégicos", ressalta.
O foco do fundo recai sobre os minerais essenciais para a transição energética e descarbonização, como cobalto, cobre, estanho, grafita, lítio, manganês, minérios de terras raras e muitos outros. Elementos vitais para o futuro sustentável do planeta, como fosfato, potássio e remineralizadores, também estarão no escopo de investimento do fundo, evidenciando o compromisso com a preservação do meio ambiente e o desenvolvimento responsável.
Este novo ciclo de fomento, como mencionado pelo MME em sua publicação oficial, representa um passo adiante no apoio contínuo do BNDES ao setor de mineração. Ao longo da última década, o banco canalizou mais de R$ 8,3 bilhões em financiamentos para cerca de 1.800 empresas, um legado que agora se renova com o surgimento do FIP Minerais Estratégicos. Este fundo não apenas busca estimular a produção de minerais estratégicos, mas também promover a inovação e a sustentabilidade, valores fundamentais para o avanço da indústria nacional.
Mas o FIP vai além do mero investimento financeiro. Ele aspira a transformar suas empresas investidas em modelos de boas práticas ESG (Ambientais, Sociais e de Governança), gerando impactos positivos para as comunidades locais e minimizando os efeitos adversos sobre o meio ambiente. Capacitação de mão de obra, apoio aos fornecedores locais, regularização do cadastro ambiental rural e ações de recuperação ambiental são apenas algumas das frentes de atuação previstas. Em última análise, o objetivo é criar uma indústria mineradora mais ética, transparente e responsável, alinhada com as necessidades do século XXI.
Fonte: https://exame.com/esg/transicao-energetica-bndes-e-mme-anunciam-fundo-de-r-1-bi-para-mineracao/