Em condições normais, a primavera no Brasil marca o início do período chuvoso. No entanto, quando o El Niño está ativo, os padrões climáticos se alteram de maneira notável. Neste ano, observamos, uma diminuição das chuvas nas regiões Norte e Nordeste, enquanto as intensas chuvas na região Sul do Brasil, atribuídas às especificidades do El Niño, impactaram o cronograma de planejamento do milho, conforme alertado pelo pesquisador Felippe Serigati, da FGV-SP.

   O excesso de chuvas atrasou a semeadura, prejudicando máquinas e a germinação das plantas, afetando a safra 23/24 de milho e levando os agricultores a considerar a plantação de soja devido à janela de plantio mais estreita. O especialista destaca que os hortifrútis podem ser afetados, resultando em produtos de qualidade inferior e preços elevados, impactando financeiramente os produtores.

  Em relação à safra de inverno (trigo, canola, aveia), pode haver perdas, mas as plantas maduras apresentam uma situação relativamente melhor, especialmente no Sul. Nas regiões Centro-Oeste e Sudeste, as chuvas tornam-se irregulares, com menos risco de atraso no início do período úmido. Infelizmente, para o Norte e Nordeste, a primavera com El Niño pode causar perdas significativas na produtividade de várias culturas agrícolas.

Agrupando o Impacto em Culturas Agrícolas Estratégicas: Para entender melhor os efeitos do El Niño, é essencial avaliar como ele afeta culturas agrícolas específicas, como a cana-de-açúcar. O setor sucroalcooleiro é particularmente sensível ao estresse térmico causado pelo El Niño, com temperaturas mais elevadas podendo reduzir a produtividade da cana-de-açúcar e impactar a produção de açúcar e etanol.

Café: A produção de café é sensível às variações climáticas, e o El Niño pode prejudicar o desenvolvimento dos grãos, afetando diretamente a quantidade produzida.

Laranja: A citricultura, crucial para a economia regional, pode enfrentar desafios relacionados à qualidade e tamanho dos frutos devido às altas temperaturas na primavera durante o El Niño.

Soja: A soja, um pilar da agricultura brasileira, também é impactada pelo El Niño. As chuvas irregulares podem diminuir a produtividade e prejudicar a safra.

Hortifrúti: Produtos como tomate, alface e morango podem sofrer com a diminuição da qualidade e rendimento devido ao calor excessivo.

Lidar com o El Niño requer ação proativa por parte dos agricultores. A previsão e monitoramento precisos das condições climáticas são cruciais para que eles possam adotar medidas para minimizar os impactos negativos. Isso inclui ajustar os cronogramas de plantio, implementar sistemas de irrigação mais eficientes e escolher variedades de culturas resistentes à seca. Transformar desafios em oportunidades exige conhecimento e ação informada.

Visão Técnica: El Niño na Primavera - Brasil e no Mundo

Além das implicações práticas, é fundamental compreender os aspectos técnicos por trás dos impactos do El Niño na primavera. Os padrões climáticos durante essa estação são influenciados pelas temperaturas oceânicas e pela circulação atmosférica. Com o agravamento do aquecimento global, espera-se que eventos climáticos extremos, como as intensas chuvas recentes no Sul do Brasil, continuem ocorrendo durante a primavera.

Conclusão

À medida que nos aproximamos da primavera de 2023, o setor do agronegócio deve estar preparado para os desafios do El Niño. A previsão, monitoramento de mercado e resiliência são elementos essenciais para garantir que os agricultores possam enfrentar as dificuldades e aproveitar as oportunidades em um cenário de incertezas, para isso as tendências devem ser monitoradas!