Interpretar notícias, a habilidade mais importante nos dias de hoje

Interpretar notícias, a habilidade mais importante nos dias de hoje

A quantidade de notícias e informações disponíveis hoje é algo fenomenal, mas a interpretação do que se está lendo ou vendo faz toda a diferença. Guto Gioielli, analista CNPI, analisa a influência da interpretação na operação de commodities.

19/05/2022

Foto: Joshua Mayo

Por Luiz Augusto R Gioielli - Analista CNPI 

Vamos ver a influência nas commodities que operamos na B3:

Quando lemos uma informação de que as exportações de milho de maio 2022 são 130% superiores que do mês de maio de 2021, pode-se imaginar que estamos reduzindo os estoques internos e por consequência temos uma pressão de alta para os preços ou quando temos a informação de uma tempestade que pode trazer tanto frio que quebraria a produção da segunda safra de milho em torno de cinco milhões de toneladas e que estamos exportando muito menos soja que ano passado e com isso os preços vão cair.

Vejamos as exportações de milho: ano passado (2021) em maio já tínhamos uma condição climática muito ruim para o desenvolvimento da 2ª safra e uma colheita de 1° safra menor em quatro milhões de toneladas, os preços internos em alta não viabilizavam exportar, no final do mês junho veio a primeira geada comprometendo a produção nacional. Então, não tínhamos milho para exportar e os preços eram superiores ao mercado externo. Como usar os números de 2021 para referência, não faz sentido, precisamos usar médias de cinco anos como referência para não distorcer a informação.

Clima: ciclone traz frio extremo, esta notícia realmente fez os preços se movimentarem com força, principalmente o milho. O que precisamos entender é que maio ainda é um mês de terras quentes no sudeste e norte do Paraná e sul do MS e dias ainda longos. Para termos geadas que dizimem grandes áreas, precisamos de uma onda fria muito potente que poderia ser arremessada pelo ciclone Yakecan em direção ao centro do Brasil, não estou dizendo que não possa ocorrer só que temos que ter cautela para esta época do ano. Os ventos que acompanham o ciclone também não permitem a formação da geada branca e normalmente acompanhados de nuvens que evitam a ocorrência também. Se os ventos são muito fortes e frios podemos ter a geada negra, que queima as plantas, este o mais provável de ocorrer neste evento. Com este quadro formado fiquei descrente quanto a um estrago em grande escala. Vimos os preços disparem no milho café e boi e depois retornarem com a mesma velocidade. Mas se o Yakecan ocorresse em meados de junho, aí sim, seria uma tragédia.

Soja: tivemos uma quebra de mais de vinte milhões de toneladas de soja nesta safra (2022), nosso maior comprador a China foi se abastecer nos EUA, com isso exportamos menor quantidade por falta de disponibilidade de soja é isso, simples. A falta de produto não permite repetir os números de exportação do ano passado. Não temos como comparar um ano de quebra de safra com um ano de produção normal, visto isto no milho inversamente também. 

Poderia enumerar outras tantas notícias e informações com sentido duplo ou até mesmo enganoso para quem simplesmente as lê, prestem atenção em todo o contesto que estão inseridas, análise com cuidado e não seja precipitado. No nosso nicho de negócios podemos perder muito com uma interpretação malfeita.  




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Gustavo Ferreira Felisberto





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