Por João Carlos M. Madail — Conselheiro do CORECON RS e Diretor da ACP Pelotas
Segundo a Agência Brasil de notícias brasileiras, dos 213 milhões de
brasileiros, 37,7 milhões são pessoas idosas, ou seja, que têm 60 anos ou
mais. Para chegarem à velhice com saúde e qualidade de vida, entre tantos
cuidados, certamente foi obedecida à prática de uma boa alimentação.
Os
nossos antepassados se alimentavam do que encontravam na natureza. Eles
consumiam frutas, como a manga o abacate; sementes, como o amendoim e o
arroz; raízes, como a mandioca, caules, como a batatinha; e folhas, como a
alface e a couve. As pessoas desse tempo também caçavam e pescavam. No
decorrer dos tempos, com o aumento da demanda por alimentos e os avanços
da pesquisa, surgem os agrotóxicos, ou produtos químicos sintéticos usados
para eliminar insetos, larvas, fungos, carrapatos sob a justificativa de controlar
as doenças provocadas por esses vetores e de regular o crescimento da
vegetação, tanto no ambiente rural quanto urbano. A partir da intensificação
das produções a base de químicos, muitas vezes com uso incorreto, ou fora
das recomendações técnicas, surgem diversos problemas crônicos, como
alterações cromossômicas, câncer, doenças hepáticas, doenças respiratórias
entre outros.
Atentos aos sinais dos consumidores conscientes, que pretendem
viver melhor por mais tempo, com uma boa alimentação isenta de químicos,
surge e se fortalece um grande contingente de agricultores denominados
orgânicos, produzindo e atendendo um mercado que cresce a cada dia. O
Brasil tem seguido a tendência mundial de crescimento do mercado de
produtos orgânicos. O tamanho desse mercado no mundo tem registro de 30
milhões de hectares destinados exclusivamente à produção orgânica, o que
significa um aumento que envolve 150 países, cuja Oceania tem a maior área,
que somada a Europa e a América Latina são mais de 600 mil agricultores
envolvidos na atividade
Aqui no nosso país a produção de orgânicos iniciou
na década de noventa na região sul do país e vem crescendo a uma taxa de
30%. O país é, no momento, o segundo maior produtor de orgânicos do
mundo, porém 75% da produção nacional se destinam a exportação,
principalmente para os Estados Unidos. Esse modelo de produção surge como
uma alternativa aos vários modelos de produção de alimentos, principalmente
ao modelo convencional, que utiliza de forma, muitas vezes exagerada os
agrotóxicos e fertilizantes químicos, além de sementes modificadas
geneticamente, chamadas “transgênicas” bastante contestadas pelos
consumidores.
Há que se considerar que o número de consumidores exigentes
na qualidade da alimentação tem crescido o que precisa ser entendido pelos
produtores que pretendem permanecer no mercado com sucesso. Entre
algumas das exigências desses consumidores é o acesso fácil ao produto;
facilidade de uso; garantia da freqüência e abastecimento; direito a suporte
(comunicação com o produtor); prontidão no atendimento e na apresentação do
produto. Observadas estas exigências os produtores garantirão a colocação
dos seus produtos num mercado cativo em crescimento. Para os consumidores
a oferta desses alimentos é a certeza de contar com alimentos mais nutritivos
que possuem mais vitaminas, minerais e substâncias antioxidantes, diferente
dos alimentos convencionais. Para o meio ambiente, a contribuição na
preservação da fauna e da flora, evitando a erosão do solo, poluição do ar e da
água.
A agricultura continua forte no país, seja no agronegócio contribuindo
para as exportações ou na produção familiar que responde por 70% dos
alimentos consumidos pela população brasileira. Na luta global contra a fome,
o Brasil está muito bem equipado e disposto a contribuir para amenizar a pior
dor que o ser humano pode sentir. A agricultura brasileira é motivo de orgulho
do seu povo e admiração das grandes potencia agrícolas mundiais.