Resposta da agricultura à alimentação saudável

Resposta da agricultura à alimentação saudável

João Carlos M. Madail, economista, analisa como a demanda por uma alimentação mais saudável tem criado oportunidades no setor agrícola do Brasil. País é o segundo maior produtor de orgânicos do mundo.

17/05/2022

Foto: Raul Gonzalez Escobar

Por João Carlos M. Madail — Conselheiro do CORECON RS e Diretor da ACP Pelotas

Segundo a Agência Brasil de notícias brasileiras, dos 213 milhões de brasileiros, 37,7 milhões são pessoas idosas, ou seja, que têm 60 anos ou mais. Para chegarem à velhice com saúde e qualidade de vida, entre tantos cuidados, certamente foi obedecida à prática de uma boa alimentação. 

Os nossos antepassados se alimentavam do que encontravam na natureza. Eles consumiam frutas, como a manga o abacate; sementes, como o amendoim e o arroz; raízes, como a mandioca, caules, como a batatinha; e folhas, como a alface e a couve. As pessoas desse tempo também caçavam e pescavam. No decorrer dos tempos, com o aumento da demanda por alimentos e os avanços da pesquisa, surgem os agrotóxicos, ou produtos químicos sintéticos usados para eliminar insetos, larvas, fungos, carrapatos sob a justificativa de controlar as doenças provocadas por esses vetores e de regular o crescimento da vegetação, tanto no ambiente rural quanto urbano. A partir da intensificação das produções a base de químicos, muitas vezes com uso incorreto, ou fora das recomendações técnicas, surgem diversos problemas crônicos, como alterações cromossômicas, câncer, doenças hepáticas, doenças respiratórias entre outros. 

Atentos aos sinais dos consumidores conscientes, que pretendem viver melhor por mais tempo, com uma boa alimentação isenta de químicos, surge e se fortalece um grande contingente de agricultores denominados orgânicos, produzindo e atendendo um mercado que cresce a cada dia. O Brasil tem seguido a tendência mundial de crescimento do mercado de produtos orgânicos. O tamanho desse mercado no mundo tem registro de 30 milhões de hectares destinados exclusivamente à produção orgânica, o que significa um aumento que envolve 150 países, cuja Oceania tem a maior área, que somada a Europa e a América Latina são mais de 600 mil agricultores envolvidos na atividade

Aqui no nosso país a produção de orgânicos iniciou na década de noventa na região sul do país e vem crescendo a uma taxa de 30%. O país é, no momento, o segundo maior produtor de orgânicos do mundo, porém 75% da produção nacional se destinam a exportação, principalmente para os Estados Unidos. Esse modelo de produção surge como uma alternativa aos vários modelos de produção de alimentos, principalmente ao modelo convencional, que utiliza de forma, muitas vezes exagerada os agrotóxicos e fertilizantes químicos, além de sementes modificadas geneticamente, chamadas “transgênicas” bastante contestadas pelos consumidores.

Há que se considerar que o número de consumidores exigentes na qualidade da alimentação tem crescido o que precisa ser entendido pelos produtores que pretendem permanecer no mercado com sucesso. Entre algumas das exigências desses consumidores é o acesso fácil ao produto; facilidade de uso; garantia da freqüência e abastecimento; direito a suporte (comunicação com o produtor); prontidão no atendimento e na apresentação do produto. Observadas estas exigências os produtores garantirão a colocação dos seus produtos num mercado cativo em crescimento. Para os consumidores a oferta desses alimentos é a certeza de contar com alimentos mais nutritivos que possuem mais vitaminas, minerais e substâncias antioxidantes, diferente dos alimentos convencionais. Para o meio ambiente, a contribuição na preservação da fauna e da flora, evitando a erosão do solo, poluição do ar e da água.

A agricultura continua forte no país, seja no agronegócio contribuindo para as exportações ou na produção familiar que responde por 70% dos alimentos consumidos pela população brasileira. Na luta global contra a fome, o Brasil está muito bem equipado e disposto a contribuir para amenizar a pior dor que o ser humano pode sentir. A agricultura brasileira é motivo de orgulho do seu povo e admiração das grandes potencia agrícolas mundiais.




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Gustavo Ferreira Felisberto





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