A economia na vida das pessoas

A economia na vida das pessoas

Os recursos são limitados, mas os desejos não. Seria então possível ter uma economia saudável para o povo? Confira na análise do economista João Carlos M. Madail, que comenta o papel da economia no dia a dia e a importância da voz das ruas.

12/05/2022

Foto: Mathieu Stern/Unsplash

Por João Carlos M. Madail — Conselheiro do CORECON RS e Diretor da ACP Pelotas

A Economia como Ciência Social, na sua essência, trata principalmente das escolhas feitas pelas pessoas todos os dias. Os profissionais economistas, nos seus estudos, dedicam especial atenção ao comportamento humano. Duas constatações centrais guiam os estudos econômicos.

O primeiro é o fato de que todas as pessoas têm desejos e eles são ilimitados. A segunda constatação essencial é que os recursos disponíveis para satisfazer esses desejos não são finitos.

Na pandemia ficaram evidentes que Economia e Saúde não são ciências opostas, elas estão intimamente ligadas, pois, não há economia sem saúde e não há saúde sem economia. No passado, a destacada economista Joan Robinson declarou que o estudo da economia sempre foi uma área importante, um veículo para a ideologia dominante da época, bem como, em parte, um método de investigação científica.

O que ela quis dizer é que o poder econômico influencia o debate econômico e que, de alguma forma, o método de pesquisa e a evolução natural da sociedade recorrem a algumas questões inevitáveis, mesmo que elas contrariem os interesses da classe dominante que atua no momento.

Um exemplo prático que se deve atender, independentemente da preferência teórica e política dos economistas ou da orientação do governo para o qual o profissional serve, é de que a pobreza deve ser combatida com amplo programa de transferência de renda.

Esta questão foi praticada por governos de esquerda no passado, mas mesmo um governo de extrema-direita como o atual se sensibilizou com a realidade atual, adotando o Programa de Auxílio Emergencial contra a Covid e mudando de opinião sobre o programa Bolsa Família que abre espaço para o agora carro chefe da agenda de política econômica em 2022.

Outra questão de interesse da população a ser combatida, é a desigualdade, baseada em injustiças, sobretudo no sistema tributário, no qual os indivíduos ricos pagam relativamente menos impostos do que a classe média e os mais pobres. Esse tema não é novo, mas persiste no tempo e até um governo de orientação neoliberal como o atual tem se rendido ao fato de que é preciso tributar ainda mais os mais ricos e menos os mais pobres.

A desigualdade prolifera também em algumas castas do serviço público em relação aos salários absurdos do Poder Judiciário e das Forças Armadas. Nesse caso urge a necessidade da reforma administrativa, há muito discutido, mas sem avanços.

Outra questão evidente é que o governo não tem um plano de desenvolvimento e se rende ao orçamento paralelo de emendas parlamentares onde os políticos ocupam o espaço de planejamento e coordenação deixado pelo Executivo, mostrando que o país quer e precisa de mais investimentos em áreas estratégicas.

Outro tema relevante que também interessa aos indivíduos de todas as classes é a manutenção de empresas estatais desconectadas com os propósitos maiores do governo. A sociedade está focada nos resultados da atividade da estatal e não na forma que a atividade é feita e entregue a sociedade. Em muitos dos setores estatais, as atividades são necessárias, mas nem sempre o serviço ou produto é prestado da forma desejada e o preço não contempla o risco e a rentabilidade do negócio.

Em muitos casos a atividade pode ser feita pelo mercado, sob a regulação do governo. As privatizações têm ocorrido desde os anos 1990, em todos os mandatos presidenciais e a cada etapa o debate se acirra e parece confuso face os interesses pessoais e corporativos.

Enaltecendo a reflexão da economista Joan e adaptando para os tempos atuais, acrescento que nós, Economistas, muitas vezes ficamos imersos em nossas teorias e opiniões, sem ouvir adequadamente a voz do povo, ou seja, sem prestar atenção no que a sociedade está dizendo ser prioridade, mesmo que as mensagens venham carregadas de ruídos.

Cabe sempre lembrar o dito popular: “A voz do povo é a voz de Deus”




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Gustavo Ferreira Felisberto





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