Em estimativa divulgada hoje, Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) informou que consumidores de todo o país devem ter de arcar com o déficit do setor elétrico ao longo deste ano, que será de R$ 30,219 bilhões a cargo da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE). O fundo da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) financia subsídios elétricos para o setor agrícola, agropecuário, pessoas de baixa renda, dentre outros perfis.
Crise hídrica e o empréstimo por parte das distribuidoras
Além de impactar o crescimento e a qualidade da safra, a crise hídrica registrada em 2021 deixou um legado: profundos impactos financeiros para o setor de energia. Com a preocupação de que o pagamento das dívidas tivesse de ser repassado diretamente aos consumidores neste ano, gerando a volta da bandeira da tarifária, foi autorizada por meio de uma medida provisória a liberação de empréstimos para as distribuidoras, segundo apurado pelo canal rural.No mês passado, a Aneel aprovou um pacote de empréstimo de mais de R$ 100 bilhões de reais ao setor, com isso, a tarifa neste ano ficará reduzido, mas com um preço alto: o repasse do custo do empréstimo nas contas de luz dos consumidores a partir do próximo ano. Na prática, a medida reduz o impacto agora e alivia o peso sobre os setores produtivos e a população, mas gera uma conta para o futuro.
Chega ao fim as bandeiras tarifárias
Neste ano, o déficit do fundo de subsídios elétricos, a chamada Conta de Desenvolvimento Energético, será mais de R$10 bilhões que o registrado ao longo do ano passado. Como o déficit da CDE é repassado nas contas de luz, esse custo não ficará limitado as distribuidoras de energia espalhadas pelo país.
Há pouco mais de uma semana, foi encerrado o uso das bandeiras tarifárias, resultando em uma conta cerca de 20% mais barata ao consumidor. Apesar de positivo para quem vinha pagando a mais pelos mesmos kilowatts consumidos antes do vigor da bandeira, significará uma redução direta nas verbas das distribuidoras.
A retirada das bandeiras ocorre em meio a recuperação do nível de reservatórios usados pelas usinas hidrelétricas, já que com a quantidade reduzida de água, geradoras termoelétricas — fonte mais cara e poluente — precisaram ser ativadas para suprir a demanda nacional e evitar cortes no fornecimento no sistema elétrico brasileiro.
Repasse direto na conta
Segundo divulgado pela Aneel, o repasse nas contas do Centro-Oeste, Sul e Sudeste deve ser o maior do país, estimado em quase 5% na tarifa paga pelos consumidores. Na contramão, o repasse para as regiões Norte e Nordeste serão menos da metade, estimados em pouco mais de 2%.