Paraguai tem pior safra de soja da história, seca prejudicou os números

De acordo com a Associação dos Produtores de Soja, Oleaginosas e Cereais do Paraguai (APS), o tempo quente e seco entre o final do ano passado e o início deste causaram o que, até o momento, é tido como a pior colheita de safra da história do Paraguai - país que depende em grande parte da produção agrícola.

Governo havia anunciado medidas para ajudar os produtores

Em janeiro, já sentindo os efeitos do tempo seco, o governo de um dos menores países da América do Sul, o Paraguai, anunciava uma série de medidas para tentar conter os efeitos da natureza sobre os agricultores.

Naquele momento, de acordo com Sidinei Neuhaus, engenheiro agrônomo, afirmou que "de novembro para cá, não choveu". Reforçando a necessidade das medidas adotadas, como a criação de linhas de crédito específicas para produtores visando refinanciar dívidas e a redução de impostos sobre o agro, conforme informações do Canal Rural.

Apesar das medidas, a safra de soja do país teve uma redução de quase 70% com relação à colheita anterior, cujos efeitos você confere a seguir.

Apesar de importantes centros comerciais, Paraguai ainda é um "país rural"

Apesar de ser considerado por muitos brasileiros como o "paraíso das compras", em uma referência aos preços praticados na Ciudad del Este, o Paraguai tem uma economia altamente dependente da agricultura e da pecuária. As exportações desses dois grupos, segundo dados do Fundo Mundial da Natureza, representam mais de 80% das exportações totais do país.

Para se ter uma noção mais ampla, no cenário global, o pequeno país - que não tem saída para o mar - é o quarto maior exportador de soja do mundo.

Com a queda da produção em uma economia altamente dependente das commodities, espera-se que os efeitos da queda abrupta da produção de soja tenha impactos proporcionais na economia e na vida dos paraguaios, especialmente os que vivem no campo. Agora, os produtores terão de pagar multa aos importadores, de acordo com informações do H2Foz.

Multa, expectativa e próximo ciclo

A multa destinada aos importadores da leguminosa, segundo estimativas, podem chegar a cifra de US$300 milhões, uma vez que os produtores não entregaram a quantidade acordada previamente e os importadores também não poderão contar com essa fonte, conforme levantamento do jornal Hoy.

A expectativa inicial, de acordo com o vice-presidente da APS, era de uma produção de 10 milhões de toneladas de soja, entrentanto, os números da colheita da leguminosa não devem passar dos 3 milhões de toneladas - o vice, em entrevista nas redes locais, completou que esse número representa uma queda de 70% em comparação com a produção média.

Segundo levantamento do site Notícias Agrícolas, até mesmo o próximo ciclo pode estar em risco, uma vez que os produtores ainda terão de lidar com as dívidas e a alta nos insumos. Com relação a alta, em razão do conflito no Leste Europeu e a série de sanções contra a Rússia, o Paraguai não será o único a ter de lidar com preços mais altas e até mesmo dificuldades nas compras - a Rússia, importante produtora de fertilizantes, não exportará para uma série de países.