Café: entenda como o clima pode influenciar nas próximas safras e nos preços

Café: entenda como o clima pode influenciar nas próximas safras e nos preços

Os impactos climáticos serão fundamentais para o desempenho da commodity nos próximos anos

24/10/2025 Fonte original

Foto: Reprodução

O mercado de café vive um dos períodos mais instáveis dos últimos anos. A safra de 2025, que já é marcada por uma forte volatilidade, tende a ser só o início, com a safra seguinte (2026) seguindo 100% dependente das condições climáticas no Brasil.

Nos últimos meses, após uma sequência de secas, geadas e ondas de calor, as lavouras ainda se recuperam — e qualquer variação no regime de chuvas pode alterar o rumo das cotações internacionais.

O impacto do clima na produção de café

Arábica

O café arábica, cultivado principalmente em Minas Gerais e São Paulo, é o mais sensível às mudanças climáticas.

Entre o fim de 2024 e o início de 2025, períodos prolongados de seca e altas temperaturas afetaram a floração e o pegamento (capacidade das flores se transformarem em frutos) — etapas fundamentais para a formação dos grãos.

Essas condições provocaram:

  • Abortamento das flores e “chumbinhos” (frutos recém-formados que caem antes de amadurecer);
  • Queda na produtividade por hectare, exigindo mais lavoura para obter o mesmo volume;
  • Grãos menores e com qualidade inferior, o que reduz o valor de mercado.

Além disso, o ciclo de bienalidade — típico do café arábica, em que um ano de alta produção é seguido por outro de menor volume — tende a agravar a situação da safra de 2026, que já seria naturalmente menor.

Em outras palavras: o clima ruim em 2025 pode reduzir não só a produção atual, mas também comprometer o potencial produtivo da lavoura no ano seguinte.

Conilon (Robusta)

O café conilon, também chamado de robusta, tem mostrado maior resistência ao calor e à falta de chuva.

Produzido principalmente no Espírito Santo e em Rondônia, ele conta com sistemas de irrigação mais disseminados, o que ajuda a manter a produtividade mesmo em períodos secos.

Esse crescimento do conilon é estratégico para o mercado, pois ajuda a equilibrar a oferta global e atender à indústria de café solúvel e blends. Ainda assim, essa recuperação não compensa totalmente as perdas do arábica.

O impacto nas cotações e nos estoques globais

A redução na oferta de arábica no Brasil, somada a problemas climáticos em outros países produtores — como Vietnã e Colômbia —, deixou o mercado mundial com estoques baixos e cotações elevadas.

Na Bolsa de Nova York (ICE), onde são negociados os contratos futuros de café, os preços do arábica permanecem próximos das máximas históricas.

Com pouca oferta de café físico disponível, qualquer notícia sobre o clima — uma frente fria, uma estiagem ou uma chuva fora de hora — pode causar fortes oscilações nas cotações — como aconteceu na última semana.

O que esperar para 2026

O futuro dos preços depende, essencialmente, de como o clima vai se comportar nos próximos meses:

  • Cenário otimista: se as chuvas forem bem distribuídas e as temperaturas amenas, o Brasil pode colher uma safra robusta em 2026, o que ajudaria a recompor os estoques e reduzir os preços.
  • Cenário pessimista: se persistirem a seca e as ondas de calor, o país enfrentará nova frustração de safra, mantendo os preços altos e instáveis.

Para Guto Gioielli, analistas e fundador do Portal das Commodities, isso significa que para o produtor a gestão de risco se torna ainda mais importante — tanto no campo (com irrigação e manejo do solo) quanto nas finanças (com o uso de hedge e contratos futuros).

Como o produtor pode se preparar

O produtor que entende o comportamento do mercado de café consegue antecipar tendências e se proteger melhor. Algumas ações práticas podem fazer diferença:

  1. Acompanhar previsões climáticas com frequência — especialmente durante a florada e o pegamento dos frutos;
  2. Diversificar o tipo de café produzido, considerando o conilon como alternativa em regiões mais quentes;
  3. Usar ferramentas de proteção de preços (hedge) na Bolsa, travando parte da produção a preços interessantes;
  4. Participar da Sala Trader do Portal das Commodities, onde especialistas analisam diariamente o comportamento do mercado e ajudam a entender as movimentações de preço em tempo real.

O clima segue como protagonista do mercado de café

O clima continua sendo o principal fator de risco e oportunidade para o mercado de café. Com a safra 2025 já impactada por estresse hídrico e térmico, e a safra 2026 ainda incerta, o setor deve conviver com volatilidade e preços elevados.

Para o produtor, o momento exige planejamento, informação e estratégia. Acompanhar o balanço hídrico das principais regiões produtoras e entender as ferramentas de proteção de preço é fundamental para navegar com segurança nesse cenário instáve




Fonte: https://monitordomercado.com.br/noticias/315984-commodities-frio-e-seca-elevam-precos-do-cafe-e-trazem-alerta-ao-campo/



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